Vítima do Brasil na final das duas últimas Olimpíadas, mas algoz na semifinal do Mundial de 2014, na decisão do Pan de Toronto e na fase final do Grand Prix de 2015, os Estados Unidos são apontados pelo técnico da seleção feminina de vôlei José Roberto Guimarães como o time mais forte do mundo na atualidade e favorito para estar na final nos Jogos do Rio e beliscar o ouro.
A visão, porém, não é compartilhada por Karch Kiraly, o técnico da seleção americana. Dono de três medalhas olímpicas de ouro (duas no vôlei de quadra e uma na praia) e integrante do Hall da Fama, a lenda da modalidade é categórica em afirmar que a seleção brasileira é sim favorita a levar o tricampeonato olímpico.
"Eu vejo o Brasil como favorito. A seleção ganhou as duas últimas Olimpíadas, segue com a mesma base de jogadoras e o mesmo corpo técnico. Claro que não é o único time com capacidade. Estados Unidos, China e Rússia são muito bons. Será o melhor torneio de vôlei da história. Mas o Brasil tem vantagens enormes", disse Kiraly, de 55 anos, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, por telefone.
Kiraly, que foi assistente técnico da seleção americana nos Jogos de Londres-2012, terá a missão de levar os Estados Unidos ao primeiro ouro olímpico de sua história no vôlei feminino. Mas ele não vê um sabor de revanche em uma eventual final contra o Brasil no Maracanãzinho lotado, no dia 20 de agosto.
"O que posso dizer é que os Estados Unidos nunca ganharam ouro olímpico, e é meu trabalho é fazer isso acontecer o mais cedo possível. Vai ser incrivelmente difícil no Brasil, com muitos times capazes de ganhar, e que têm esta fome e desejo que temos. Mas uma certeza eu tenho: quem quer que ganhe, terá de derrotar o Brasil, e isso será uma tarefa difícil", afirmou o técnico que em 2014 conduziu as americanas ao inédito título mundial.
Ele, porém, não quis dizer se vê a atual seleção brasileira mais forte ou fraca do que venceu a medalha de ouro há quatro anos.
"No último ano, jogadoras como Thaísa, Fabiana e Sheilla não jogaram. Novas jogadoras deram as caras enquanto estas mais experientes descansavam. Então, não aprendemos muito sobre o Brasil em 2015", avaliou.
Em que pese os últimos embates entre Brasil e Estados Unidos nas grandes competições mundiais, Kiraly não vê esta como a maior rivalidade no vôlei mundial.
"Não tenho certeza disso (maior rivalidade). Não creio que os dois países jogaram tanto para dizer que é a maior rivalidade. Mas claro, Brasil x Estados é uma rivalidade muito boa, assim como Brasil x Rússia. A China também é muito forte atualmente. Não sei se há uma só rivalidade que possa se focar", afirmou.
Admirador do vôlei do Brasil e capaz de lembrar o nome de quase todos os brasileiros que foram seus rivais na final da Olimpíada de Los Angeles-1984 (quando os americanos venceram por 3 a 0), Kiraly exalta o poder do país na modalidade e acredita que será possível como anfitrião no Rio de Janeiro atingir a meta de 100% de medalhas (duas nas quadras e quatro na praia) estabelecidas pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em conjunto com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
"Eu penso que isso é totalmente possível não apenas para o Brasil mas para os Estados Unidos também. Mas o Brasil tem grande vantagens sediando a olimpíada. Os atletas não precisam viajar a outro país, jogam na própria quadra e areia. Será uma batalha dura bater o Brasil", insiste Kiraly.
Esforço árduo para fazer o vôlei popular
Apesar de os Estados Unidos terem ganho oito medalhas na história do vôlei na Olimpíada (três ouros, três pratas e dois bronzes) e de todo sucesso recente das seleções masculina e feminina, Kiraly mostra frustração ao comentar o status da modalidade dentro do país.
"Não temos muita publicidade para o vôlei nos Estados Unidos como temos em outros esportes. Também somos o único país forte no vôlei internacional que não tem a própria liga profissional. O Brasil tem, assim como a Rússia, Itália, Turquia, Japão, China, Porto Rico, Alemanha, Áustria, França. Isso para falar só alguns. Espero que isso ocorra um dia", disse.
"Estamos trabalhando duro para mudar a cultura do vôlei em nosso país, mas sabemos que é um longo processo. Em 2015, recebemos a maior competição da nossa história que foi a fase final do Grand Prix, neste ano já tivemos o Pré-Olímpico da Norceca e teremos um fim de semana do Grand Prix. O vôlei universitário está crescendo cada vez mais. Para você ter uma ideia, 17.561 viram a final do último campeonato", prosseguiu.
Questionado se seria mais difícil ganhar o ouro olímpico ou fazer o vôlei popular, Kiraly ficou em dúvida.
"É uma boa pergunta. Não sei se tenho uma resposta. Se fizermos o vôlei mais popular, a medalha de ouro será mais possível. Se ganharmos medalha de ouro, o vôlei poderá mais popular. Um feito pode ajudar o outro, e ambos são bem difíceis", concluiu.
29 de jan. de 2016
Brasil é favorito ao ouro e tem enormes vantagens', diz rival no vôlei Karch Kiraly
19 de jan. de 2016
Tandara desequilibra e Minas vence Brasília pela Superliga
No treino que antecedeu a partida diante do Minas, a ponteira do Brasília, Paula Pequeno alertou que a torcida podia esperar por "um jogaço". A capitã do time candango estava certa. Em um jogo recheado de alternativas para as duas equipes e, sobretudo, de reviravoltas, a torcida que foi ao Ginásio do Sesi de Taguatinga presenciou uma partida eletrizante, que terminou com vitória das visitantes por 3 x 1 (22/25, 25/22, 25/22 e 25/17).
Eleita a melhor jogadora da partida, a oposta Tandara enalteceu o trabalho dos treinos, mas admitiu a grande emoção ao voltar à cidade onde nasceu e sair de quadra com um importante triunfo.
- O Paulinho (Coco, treinador do Minas), nos cobrou bastante durante os treinos e conseguimos esse importante resultado. Pra mim, é um misto de sensações. Fico muito feliz de estar aqui, de ver toda a minha família nas arquibancadas. Mas também é uma sensação de dever cumprido por poder vencer a partida - afirmou.
O primeiro set teve dois momentos distintos. O Brasília começou o jogo a todo o vapor, imprimindo um ritmo veloz em quadra e não teve dificuldades para abrir 5/2 na parcial, obrigando o técnico do Minas, Paulo Coco, a parar o jogo. Na volta, as donas da casa não mudaram a postura. Com a tática bem definida, de forçar os saques na ponteira Mari Paraíba, o Brasília comandou o marcador até o segundo tempo técnico, quando vencia por cinco pontos. Nesse momento, o técnico minastenista lançou à quadra Tandara, jogadora brasiliense que integra o elenco do time mineiro. A entrada da oposta prata da casa deu ânimo novo às visitantes, que passaram a complicar a vida das brasilienses. Foi também depois do segundo tempo técnico que rallies intensos incendiaram a torcida no Ginásio do Sesi de Taguatinga. No ponto derradeiro, inclusive, foram várias defesas improváveis, que terminaram com a bola no lado brasiliense e deu às visitantes o primeiro set por 25/22.
Na segunda parcial, quem teve início animador foi o Minas, que chegou a liderar o placar momentaneamente. A reação do Brasília não tardou e antes mesmo do primeiro tempo técnico as donas da casa já ditavam o ritmo de jogo novamente. Sem maiores problemas, as brasilienses chegaram a ter 15/11 a seu favor, quando o Minas, mais uma vez, esboçou uma reação na partida. As visitantes conseguiram, por mais de uma vez, anotar pontos seguidos, diminuindo o prejuízo no placar. O Minas chegou a ter 22/21 a favor, mas foi a vez do Brasília mostrar poder de reação e, com quatro pontos seguidos, incluindo um saque fulminante de Paula Pequeno no set point, fechar a parcial em 25/22, deixando o jogo em aberto.
O Brasília teve mais um início promissor no terceiro set. Com autoridade, as donas da casa abriram 3/0 e fizeram com que Paulo Coco pedisse tempo e parasse o jogo. A pausa não alterou em nada o ímpeto do Brasília, que seguia firme nos ataques e na defesa. A equipe do Distrito Federal chegou a estar à frente por 10/5, mas viu o trio composto por Tandara, Carol Gattaz e Carla se tornarem protagonistas no set. As três jogadoras do Minas foram as principais responsáveis pela incrível virada na terceira parcial, quando as mineiras anotaram quatro pontos seguidos e viraram o marcador para 13/12. A partir daí, o embate ganhou muito em emoção. As duas equipes praticamente trocaram pontos até o fim do set. A exceção foi quando o Minas chegou a 24/21 e teve três set points à disposição. Com insistência, Paula Pequeno virou uma bola importante evitando o fim da parcial, o que não foi possível no ponto seguinte, vencido pelas mineiras, que fecharam o set novamente por 25/22.
O quarto set teve um início bastante equilibrado. As duas equipes alternaram pontos na parte inicial da parcial, mas o Minas começou a deslanchar ainda antes do primeiro tempo técnico. Mesmo atrás no placar, o Brasília tentou de todas as formas lutar por uma recuperação. O Minas, entretanto, parecia não se incomodar com as investidas das donas da casa. Com uma vantagem consolidada no placar, o técnico Paulo Coco optou por promover um rodízio de suas atletas, mas manteve Tandara em quadra. Inspirada, a brasiliense continuou com um bom aproveitamento nos ataques, tendo participação decisiva na vitória por 25/17, que sacramentou a vitória do Minas por 3 sets a 1.
As duas equipes têm compromissos em São Paulo na próxima rodada da Superliga feminina. Na sexta-feira, o Minas enfrenta o Pinheiros, às 19h30, enquanto o Brasília mede forças com o Sesi, às 20h.
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