1 de set. de 2014
Brasil derruba 'canhão' alemão e vence jogo chave no Mundial de Vôlei na Polônia
Por José Ricardo Leite
Já viu disco voador? A seleção masculina de vôlei pode falar sobre isso
O 'canhão' alemão Gyorgy Grozer não faz milagre sozinho. Mesmo com boa atuação, seu time não foi páreo para a seleção brasileira, que passou fácil pelo time europeu com um 3 a 0 (25-21, 25-19 e 25-17) em sua estreia no Mundial masculino de vôlei, nesta segunda-feira, na cidade de Katowice, na Polônia.
O ponteiro húngaro naturalizado alemão, principal jogador de seu time, tem saques que chegam a 128 km/h e incomodam muito as recepções rivais. Deu seu cartão logo de visitas logo no primeiro saque, em que a defesa brasileira se complicou e viu o time rival marcar o ponto. Mas, depois disso, nem mesmo a boa atuação de Grozer foi suficiente para impedir uma fácil vitória da equipe verde e amarela.
O resultado representa um bom encaminhamento para a primeira posição em sua chave, já que a equipe considera a Alemanha o time mais forte do grupo B, que ainda tem as seleções de Cuba, Finlândia, Coreia do Sul e Tunísia. O triunfo de hoje era considerado chave para ser primeiro, vide que a seleção cubana está com uma equipe muito jovem e os outros rivais ainda estão um pouco abaixo no nível técnico. A equipe de Bernardinho volta a jogar na próxima quarta-feira, às 15h15 (horário de Brasília), com Placar UOL Esporte.
Fases do jogo: O Brasil teve sua formação inicial com Bruninho, Lucão, Murilo, Lucarelli, Wallace e os líberos Felipe e Mário Jr. O time não começou bem o primeiro set e parecia desatento. Viu o time rival abrir três pontos de vantagem e liderar até o décimo ponto. Só foi tomar a ponta em uma boa sequência de saques de Gustavo, no momento em que virou o jogo para 13 a 10. A partir daí passou a tomar conta. Conseguiu neutralizar os fortes saques de Grozer, enquanto Gustavo, Lucão e Lucarelli passaram a virar quase todas as bolas. O time dominou o restante da parcial até marcar 25 a 21.
O segundo set foi equilibrado, sem nenhum time deslanchar no placar. Mas o Brasil comandou o tempo todo. As fintas de Bruninho surtiam efeito na distribuição, e o Brasil atacava quase sempre com liberdade e o bloqueio rival fora da jogada. No fim da parcial, Bernardinho ainda fez testes ao colocar Leandro Vissotto, o levantador reserva Raphael e Lipe, que já havia entrado no fim do primeiro set. O ritmo não caiu e a equipe fechou em 25 a 19.
No terceiro set, a Alemanha passou a arriscar e forçar mais no saque. No começo não deu resultado e o Brasil recebia bem ou se aproveitava dos erros, encontrando ainda mais facilidade do que antes. Chegou a abrir 18 a 11. A tranquilidade fez Bernardinho novamente fazer testes. Raphael, Lipe e Vissotto voltaram à quadra. Mais uma vez o time soube controlar a partida até fechar em 25 a 17.
O melhor: Lucão - Junto com Murilo, foi decisivo nos momentos em que a equipe estava atrás no primeiro set ao virar bolas importantes. Depois, no segundo, foi bem no bloqueio e fez ace que deu moral ao time.
O pior: Gunthor - O grandão alemão de 2,07 m foi parado diversas vezes em que foi acionado, mesmo com o bloqueio brasileiro sendo mais baixo em algumas das disputas.
Toque dos técnicos: A primeira parada de Bernardinho foi providencial. O pior momento do time na partida foi no começo do segundo set, quando via o time alemão comandar o placar e abrir três pontos. Optou por parar o jogo no 8 a 5. Ali foi o momento de virada da equipe, que desde então não sofreu mais sustos.
Para lembrar:
A vitória tranquila não significa vida fácil para o elenco. Folga, apenas no restante desta segunda-feira. Na terça-feira a equipe já faz treinamento visando ao jogo de quarta, contra a Tunísia.
31 de ago. de 2014
Brasil tem "joia" a ser lapidada e gigante como novas esperanças no vôlei
Força sempre respeitada no cenário internacional, o Brasil inicia em Katowice (Polônia) a tentativa de um inédito tetracampeonato mundial de vôlei, nesta segunda-feira, às 8h (com Placar UOL Esporte), contra a Alemanha, com uma equipe que mescla a experiência das conquistas e a expectativa pelo futuro de uma nova geração.
A equipe está bem modificada em relação à que foi campeã mundial, pela última vez. Apenas seis dos 14 vencedores em 2010 na Itália estão no grupo agora (Bruninho, Lucão, Sidão, Leandro Vissotto, Mário Júnior e Murilo), o que significa uma renovação de 57% do elenco. Do primeiro título mundial da era de Bernardinho, não há mais ninguém. Em relação ao time do bi, em 2006, apenas Murilo integra o elenco. É, ao lado do capitão Bruninho, um dos que mais venceram pela equipe.
"Já estou com 33 anos e é uma idade respeitável. Hoje ajudo não só pelo lado técnico, mas também com essa função de ajudar os mais jovens em quadra", falou o ponteiro que tem em sua bagagem seis títulos da Liga e dois Mundiais, entre outros.
Entre os mais jovens a que Murilo se refere estão Ricardo Lucarelli, 22 anos, Renan, 24, o líbero reserva Felipe, de 24, e o ponteiro Mauricio, de 25.. Todos simbolizam uma nova geração que estão já sendo trabalhados para os Jogos do Rio, em 2016 e outras competições futuras.
A equipe está bem modificada em relação à que foi campeã mundial, pela última vez. Apenas seis dos 14 vencedores em 2010 na Itália estão no grupo agora (Bruninho, Lucão, Sidão, Leandro Vissotto, Mário Júnior e Murilo), o que significa uma renovação de 57% do elenco. Do primeiro título mundial da era de Bernardinho, não há mais ninguém. Em relação ao time do bi, em 2006, apenas Murilo integra o elenco. É, ao lado do capitão Bruninho, um dos que mais venceram pela equipe.
"Já estou com 33 anos e é uma idade respeitável. Hoje ajudo não só pelo lado técnico, mas também com essa função de ajudar os mais jovens em quadra", falou o ponteiro que tem em sua bagagem seis títulos da Liga e dois Mundiais, entre outros.
Entre os mais jovens a que Murilo se refere estão Ricardo Lucarelli, 22 anos, Renan, 24, o líbero reserva Felipe, de 24, e o ponteiro Mauricio, de 25.. Todos simbolizam uma nova geração que estão já sendo trabalhados para os Jogos do Rio, em 2016 e outras competições futuras.
Destes, Lucarelli é considerado a maior "joia" do vôlei nacional. Teve passagens destacadas com títulos e premiações individuais nas seleções de base e sempre foi visto como um jovem com potencial para assumir o posto de destaque do time adulto.
Teve sua primeira chance na equipe principal ao ser convocado por Bernardino com 19 anos, em 2012. Virou titular do time com apenas 21 anos em 2013 e fez parte da seleção da Liga Mundial de 2013. De lá pra cá, não saiu mais da equipe e ganhou com a equipe nacional a Copa dos Campeões de 2013.
Lucarelli carrega um fardo difícil: substituir em sua posição nomes consagrados e que ganharam muitos títulos, como Giba e o próprio Murilo, que faz parte do atual elenco e tem ajudado com sua experiência.
Já usado bastante no time titular, Lucarelli foi o segundo melhor de sua posição na Liga Mundial de 2014. Um título de expressão como o Mundial talvez seja o que falta para carimbar de vez sua explosão como uma das referências daqui para frente. Respaldo não vai faltar.
"É a primeira vez que disputo um campeonato dessa importância. É um nível muito competitivo e sempre somos acolhidos na seleção pelos caras mais experientes, como Murilo e o Lucão, por exemplo. A pressão é sempre grande em uma equipe do nível como a seleção, ainda mais em se tratando do Brasil. Eu sempre sei da minha responsabilidade aqui dentro, mas os experientes sempre nos dão esse tipo de suporte", falou a "joia".
Outro dos nomes mais novos que fazem parte é o gigante Renan Buiatti. Com 2,17 m, ele é o maior jogador em atividade do vôlei brasileiro e o mais alto que já passou pela seleção em toda a era Bernardinho, que já dura quase 14 anos.
Ele já participava há alguns de treinos da seleção e jogos de algumas etapas da Liga Mundial. Agora, foi mantido no grupo para o Mundial não só pela altura e capacidade nos bloqueios, mas também por sua versatilidade. Ele atuava originalmente como oposto, mas vem sendo uma aposta de Bernardinho para a função de central.
"Sou originalmente oposto, mas o Bernardinho tem me treinado como central e tenho me esforçado. É diferente, mas tenho me adaptado bem. Estou no meu terceiro ano com eles, e todos que entram querem ajudar. Os mais experientes têm nos ajudado também, cuidando da gente", falou.
Único remanescente do Mundial de 2006 e o mais experiente em participações no grupo, Murilo demonstra otimismo para o Mundial e o futuro e é só elogios quando vê dentro do grupo os jogadores que são vistoso como futuro.
"Temos visto uma boa postura do Lucarelli e dos outros jovens. Não temos tido de problema. Eles fazem parte de um grupo que está sendo preparado para 2015 e depois para futuras competições. Vamos precisar de jogadores preparados para assumir esse posto", falou o ponteiro.
Um eventual título mundial na Polônia será o quarto seguido do Brasil, fato inédito na história da competição. As dificuldades, no entanto, devem ser maiores. Mesmo com a hegemonia dos últimos 13 anos, o Brasil viu a ascensão de seus principais adversários, sobretudo Estados Unidos, Rússia e Itália, e do Mundial de 2010 pra cá só venceu uma Copa do Mundo.
"Hoje está tudo muito equilibrado. Em 2010, por exemplo, tivemos um jogo duríssimo e quase perdemos para a República Tcheca (vitória por 3 a 2). Todos os jogos são difíceis, não tem mais bobos no vôlei. Olha só o exemplo do Irã (quarto colocado na Liga Mundial)", falou Lucão.
O Brasil faz parte do Grupo B, com Alemanha, Cuba, Finlândia, Coreia do Sul e Tunísia. Os quatro primeiros colocados avançam para a segunda fase.
Teve sua primeira chance na equipe principal ao ser convocado por Bernardino com 19 anos, em 2012. Virou titular do time com apenas 21 anos em 2013 e fez parte da seleção da Liga Mundial de 2013. De lá pra cá, não saiu mais da equipe e ganhou com a equipe nacional a Copa dos Campeões de 2013.
Lucarelli carrega um fardo difícil: substituir em sua posição nomes consagrados e que ganharam muitos títulos, como Giba e o próprio Murilo, que faz parte do atual elenco e tem ajudado com sua experiência.
Já usado bastante no time titular, Lucarelli foi o segundo melhor de sua posição na Liga Mundial de 2014. Um título de expressão como o Mundial talvez seja o que falta para carimbar de vez sua explosão como uma das referências daqui para frente. Respaldo não vai faltar.
"É a primeira vez que disputo um campeonato dessa importância. É um nível muito competitivo e sempre somos acolhidos na seleção pelos caras mais experientes, como Murilo e o Lucão, por exemplo. A pressão é sempre grande em uma equipe do nível como a seleção, ainda mais em se tratando do Brasil. Eu sempre sei da minha responsabilidade aqui dentro, mas os experientes sempre nos dão esse tipo de suporte", falou a "joia".
Outro dos nomes mais novos que fazem parte é o gigante Renan Buiatti. Com 2,17 m, ele é o maior jogador em atividade do vôlei brasileiro e o mais alto que já passou pela seleção em toda a era Bernardinho, que já dura quase 14 anos.
Ele já participava há alguns de treinos da seleção e jogos de algumas etapas da Liga Mundial. Agora, foi mantido no grupo para o Mundial não só pela altura e capacidade nos bloqueios, mas também por sua versatilidade. Ele atuava originalmente como oposto, mas vem sendo uma aposta de Bernardinho para a função de central.
"Sou originalmente oposto, mas o Bernardinho tem me treinado como central e tenho me esforçado. É diferente, mas tenho me adaptado bem. Estou no meu terceiro ano com eles, e todos que entram querem ajudar. Os mais experientes têm nos ajudado também, cuidando da gente", falou.
Único remanescente do Mundial de 2006 e o mais experiente em participações no grupo, Murilo demonstra otimismo para o Mundial e o futuro e é só elogios quando vê dentro do grupo os jogadores que são vistoso como futuro.
"Temos visto uma boa postura do Lucarelli e dos outros jovens. Não temos tido de problema. Eles fazem parte de um grupo que está sendo preparado para 2015 e depois para futuras competições. Vamos precisar de jogadores preparados para assumir esse posto", falou o ponteiro.
Um eventual título mundial na Polônia será o quarto seguido do Brasil, fato inédito na história da competição. As dificuldades, no entanto, devem ser maiores. Mesmo com a hegemonia dos últimos 13 anos, o Brasil viu a ascensão de seus principais adversários, sobretudo Estados Unidos, Rússia e Itália, e do Mundial de 2010 pra cá só venceu uma Copa do Mundo.
"Hoje está tudo muito equilibrado. Em 2010, por exemplo, tivemos um jogo duríssimo e quase perdemos para a República Tcheca (vitória por 3 a 2). Todos os jogos são difíceis, não tem mais bobos no vôlei. Olha só o exemplo do Irã (quarto colocado na Liga Mundial)", falou Lucão.
O Brasil faz parte do Grupo B, com Alemanha, Cuba, Finlândia, Coreia do Sul e Tunísia. Os quatro primeiros colocados avançam para a segunda fase.
José Ricardo Leite
Katowice (Polônia)
Katowice (Polônia)
28 de ago. de 2014
O revolucionário Ricardinho
Um número muito pequeno de atletas se torna sinônimo de títulos. Mais restrito ainda é o grupo de profissionais que muda a maneira como um esporte é praticado. Entre os integrantes deste seleto grupo está o levantador Ricardinho, uma espécie de Steve Jobs do vôlei. Como o gênio da tecnologia, o jogador fez o vôlei de seus antecessores parecer tão ultrapassado quanto um celular com tela preto e branco.
Desde o juvenil Ricardinho era apontado como um prodígio, e a revolução começou quando se juntou a Giba e seus contemporâneos na seleção brasileira. Sucedendo a lenda Maurício, Ricardinho encontrou um time que não tinha a força física e altura para enfrentar seus principais adversários, como a Rússia, por exemplo. Coube ao levantador encontrar a solução que embasou a construção do grupo mais vitorioso da história do vôlei. Ele acelerou o jogo e acumulou títulos, incluindo o ouro olímpico.
"Não importava o lugar na quadra. Eu sempre tentava fazer a bola chegar no mesmo lugar e velocidade para o atacante", lembra Ricardinho. Ele reparte os méritos e ressalta que o Brasil tinha jogadores que eram os melhores em suas posições como Giba, André Nascimento e Escadinha. Focado na vitória, ele nem percebeu que o grupo estava reescrevendo o modo como o vôlei é praticado.
A rapidez de suas jogadas diminuía o tempo para a defesa reagir, e as maiores potências mundiais simplesmente não conseguiam acompanhar o ritmo implementado pelo levantador. Aos poucos, quem sonhava em ganhar um campeonato precisava superar o jeito brasileiro e levar o esporte para outro patamar.
O mais curioso é que Ricardinho não planejava fazer uma revolução no vôlei, mas apenas erguer troféus. "Naquele momento não tinha ideia que estava revolucionando o esporte. Era uma busca por perfeição e entrosamento".
Ricardinho conta que para o time jogar por música era preciso muito tempo em quadra treinando e longas horas de conversa com os companheiros. Com o líbero Serginho, o assunto era onde receber o passe para ter as melhores opções. Com os pontas o papo era onde por a bola para o ataque.
O levantador diz que conforme as competições se sucediam os adversários buscavam antídotos para o jogo brasileiro e era preciso se reinventar. Nasciam jogadas nunca imaginadas. "Loucuras", na definição do próprio Ricardinho, termo que dá ideia do quão ousadas eram. O atleta diz que antes de experimentar as jogadas comunicava ao técnico Bernardinho.
"Tinha essa conversa primeiro e às vezes ele falava "isso é muito", ou dava permissão. Muitas vezes a gente errava, mas repetia, e a vontade fez a equipe quase perfeita. Hoje em dia, as pessoas tentam e obviamente não fazem as coisas que o Giba fazia".
O embrião desta forma revolucionária de atuar surgiu quando o atleta era um adolescente. Com esta idade ele já acelerava os levantamentos, mas os resultados eram bem diferentes. Muitas vezes a bola ia na antena ou na quadra adversária. Eram tempos em que Ricardinho ouvia que tinha talento e que faltava cabeça.
Nestes dias moldava sua técnica de contato com a bola. Para isto, passava horas na frente da televisão vendo gravações de partidas de vôlei de seleções internacionais. Mesmo jovem, ele não via com olhos de fã, mas como um profissional, e estudava como agiam os levantadores das principais seleções do mundo.
Escolheu o melhor de cada escola: não segurar a bola na mão como fazem os asiáticos; atacar de segunda bola ao melhor estilo americano; ou fingir atacar como faziam os franceses. Com o talento que trouxe de berço, conseguiu dominar estes fundamentos e neste momento nascia o atleta que entrou para o grupo mais seleto do esporte.
Ricardinho foi tão bom que fez o mundo tentar imitá-lo. Ninguém conseguiu.
Ricardinho
38
anos
Ricardinho nasceu em 19 de novembro de 1975
2
medalhas olímpicas
Ele conquistou ouro em Atenas-2004 e prata em Londres
2
títulos do Mundial
Em 2002 e 2006
6
títulos da Liga Mundial
Em 2001, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007
2012
fundação do Moda/Maringá
Clube do qual é o atual presidente e também jogador
Por Felipe Pereira
UOL-SP
26 de ago. de 2014
Nossa líbero Camila Brait quase desistiu do vôlei por ser baixinha.
Dani Lins, Fabiana, Fernanda Garay, Jaqueline, Sheilla e Thaísa, titulares do vôlei feminino do Brasil na conquista do Grand Prix desta temporada, são remanescentes da seleção que havia obtido o ouro olímpico em Londres-2012. A formação principal do técnico José Roberto Guimarães teve apenas uma mudança em dois anos: a líbero Fabi, que se aposentou da equipe nacional em junho de 2014, deu lugar a Camila Brait, 25. Essa alteração só foi possível, porém, por uma mudança drástica de opinião da nova dona da posição. Ela queria ser atacante quando era mais nova, mas ficou sem espaço por ter apenas 1,70m. Para não se limitar à defesa, Brait chegou a largar o esporte por dois anos.
"Gostava de atacar. No começo eu odiava ser líbero", admitiu a nova titular da posição em 2013, em entrevista ao site "Paratleta Brasil". "Todos os técnicos diziam que eu não tinha altura para jogar em outra posição, mas eu não gostava mesmo de só defender. Queria fazer o mesmo que outras jogadoras, e não cuidar de um fundamento só. Eu cheguei até a parar de jogar por um tempo", completou Brait.
A líbero voltou às quadras por insistência de uma técnica. Camila Brait chegou a tentar jogar como levantadora na base, mas todos os treinadores identificavam a defesa como grande virtude dela: "Vi que a líbero tem papel muito importante na equipe, entendi alguns fundamentos e resolvi me dedicar".
A dedicação mudou rapidamente a vida de Brait. Aos 15 anos, a líbero nascida em Frutal-MG se mudou para Uberlândia. Passou depois por São Caetano, e em 2008 foi contratada pelo tradicional Molico/Osasco, time que ela defende até hoje.
A trajetória de Brait também foi precoce na seleção brasileira. Com passagem por equipes de base, chegou ao time principal em 2009. Foi preparada durante anos para substituir Fabi, líbero titular do país por 13 temporadas, e se tornou favorita a estar na quadra durante os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.
No começo de junho, quando começou a montar o time que disputaria o Grand Prix, José Roberto Guimarães chegou a consultar Fabi. Ouviu da líbero titular que ela não pretendia seguir na seleção – ela estreou neste ano como comentarista da TV Globo.
Fabi oficializou no dia 13 de junho a aposentadoria da seleção brasileira. Entre as explicações para isso, a líbero incluiu a própria Brait, que teria chance de disputar o Mundial de 2014 como titular antes de representar o país nos Jogos Olímpicos de 2016.
"Foi uma decisão muito difícil. Pensei nisso durante todo o ano passado e até este momento. Refleti sobre o que eu já tinha feito na seleção brasileira. A minha relação com a seleção foi o melhor casamento que poderia acontecer. Tivemos dois filhos, que foram duas medalhas olímpicas, e procurei sair desse casamento com muita lucidez, estando consciente de que foi bacana, que deu tudo certo e que eu fiz tudo que tinha para fazer. Contribuí da melhor maneira possível e deixo uma história bacana. A minha missão foi cumprida", avaliou Fabi na época.
José Roberto Guimarães esteve ao lado da titular durante a entrevista de despedida. "Sempre houve uma disputa forte entre as duas [Camila Brait e Fabi]. Camila se preparou desde 2009, aprendendo muito com a Fabi. Elas se alternaram em determinados períodos nos campeonatos. A oportunidade aparece em dois momentos: numa crise e quando é o momento certo. Agora é a hora dela. Vai assumir um time que é bicampeão olímpico, vai ser bastante cobrada e espero que emocionalmente tenha se preparado para isso", avisou o comandante.
A primeira mudança evidente com a troca de líbero foi de perfil. Camila Brait é notadamente tímida – ao contrário de Fabi, que era a mais expansiva do grupo. Nos primeiros treinos depois da alteração, José Roberto Guimarães chegou a cobrar que a nova dona da posição gritasse e falasse mais com as companheiras.
Brait não é reservada apenas na quadra. A despeito de ter alcançado status de musa e de ter recebido até pedidos de casamento de torcedores, a líbero fala pouco sobre a vida pessoal. Ela é casada desde 2013.
No Grand Prix, o Brasil teve desempenho irregular no passe em alguns momentos – sobretudo na derrota para a Turquia, a única da seleção no torneio. Camila Brait não foi incluída na equipe ideal da competição. A japonesa Yuko Sano, vice-campeã, foi eleita melhor da função e ainda ficou com o título de melhor jogadora.
O próximo desafio de Brait como titular do Brasil será o Mundial de vôlei feminino, que será disputado na Itália. A seleção sul-americana estreia no dia 23 de setembro, contra a Bulgária, em Trieste.
Esse ciclo é fundamental para a líbero superar uma frustração. Em 2012, Camila Brait foi cortada dos Jogos Olímpicos em cima da hora. José Roberto Guimarães preferiu levar a ponteira Natália, que havia acabado de se recuperar de lesão.
"É um recomeço para mim. Sabia que seria muito difícil ficar no time, da disputa que seria lá [em Londres] por um lugar na seleção. Estou muito feliz por ter voltado", disse Brait ao jornal "Folha de S.Paulo" um ano depois dos Jogos Olímpicos.
O elenco que o Brasil levará ao Mundial terá uma série de novatas entre as reservas. No time titular, Brait será a menos experiente. Mas para quem superou até a rejeição inicial à função, vencer a falta de rodagem na competição parece um desafio cada vez menor.
25 de ago. de 2014
Brasil coloca três na seleção do GrandPrix 2014, mas líbero nipônica é a MVP (Most Valuable Player)
Campeão do Grand Prix neste domingo, após vitória em três sets sobre o Japão, o Brasil colocou três jogadoras na seleção da competição: a levantadora Dani Lins, a oposta Sheilla e a central Fabiana. A eleição promovida pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) costuma gerar polêmica, pois ela é mais baseada nas estatísticas do que na avaliação subjetiva dos desempenhos ao longo do campeonato. Sendo assim, a líbero japonesa Yuko Sano, do vice-campeão, Japão, surpreendeu ao ser eleita a MVP (Jogadora Mais Valiosa) desta edição de 2014 do Grand Prix.
Outras eleições polêmicas foram da central russa Irina Fetisova e das ponteiras Liu Xiaotong, da China, e Miyu Nagaoka, do Japão, deixando a central Thaisa e a ponteira Jaqueline, que fizeram um grande torneio, fora da equipe ideal. As premiadas receberam um cheque de US$ 5 mil (R$ 11,4 mil) cada uma.
Dentre os técnicos, não teve para ninguém e José Roberto Guimarães venceu a eleição. Além do prêmio e da medalha de campeão, ele também recebeu uma outra medalha para celebrar a conquista do seu sétimo título de Grand Prix.
- Eu ganhei duas medalhas. Uma de mérito e outra pelo título do Grand Prix. Mas eu gostaria de dividir isso com as meninas que trabalharam muito duro para conquistar esse Grand Prix - comentou o treinador brasileiro.
Confira a seleção do Grand Prix:
Levantadora: Dani Lins (Brasil)
Ponteiras: Liu Xiaotong (China) e Miyu Nagaoka (Japão)
Oposta: Sheilla (Brasil)
Centrais: Fabiana (Brasil) e Irina Fetisova (Rússia)
Líbero: Yuko Sano (Japão)
MVP: Yuko Sano (Japão)
Técnico: José Roberto Guimarães (Brasil)
24 de ago. de 2014
Brasil conquista o Decacampeonato no GrandPrix2014
meninas do vôlei do Brasil deram mais um show na manhã deste domingo. Em Tóquio, diante de um ginásio lotado, as brasileiras não se intimidaram com as adversidades e, com autoridade, derrotaram as donas da casa do Japão por 3 sets a 0 (25/15, 25/18 e 27/25) para levar pela 10ª vez na história o título do Grand Prix de Vôlei.
Antes, a Seleção Brasileira já havia levado o campeonato em 1994, 1996, 1998, 2004, 2005, 2006, 2008, 2009 e 2013. O título conquistado neste domingo consolida mais ainda o Brasil como o maior vencedor da competição: os Estados Unidos, com cinco, são o segundo país com mais títulos no torneio.
Para conquistar o título, as japonesas, donas de grande campanha no torneio, precisavam ganhar apenas dois sets contra o Brasil, neste domingo. No entanto, as brasileiras, que sofreram apenas uma derrota para a Turquia na fase final, não se intimidaram com as adversárias no ginásio de Tóquio lotado por sete mil pessoas e tiveram atuação excelente para conquistar mais um título.
Assim como contra a Rússia, na madrugada da sexta para o sábado, o Brasil começou o primeiro set arrasador. Logo de início, a equipe controlou as japonesas e, aos poucos, passou a abrir ampla vantagem no marcador. O ótimo rendimento das brasileiras fez a parcial terminar a favor do time nacional com boa margem: 25/15.
O segundo set teve a Seleção Brasileira novamente com início arrasador. Contudo, o Brasil relaxou e viu a vantagem de seis pontos cair para apenas um em determinado momento da partida. A “ameaça” japonesa acordou as meninas do vôlei, que voltaram a tomar a dianteira da partida e novamente fecharam com vantagem, desta vez de 25/18.
Ao contrário dos dois primeiros, o terceiro set foi marcado por equilíbrio e o Japão finalmente conseguiu igualar o jogo com as brasileiras, ficando até à frente do placar em vários momentos. A emoção foi até o fim: o Brasil chegou a desperdiçar três match points, mas ainda assim conseguiu fechar em 27/25.
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