14 de ago. de 2012

Carreata das Campeãs tem festa em São Paulo

A seleção feminina de vôlei foi recebida com muita festa em São Paulo nesta segunda-feira. Em desfile em carro aberto, as campeãs olímpicas pararam o trânsito da capital paulista e receberam o carinho do público.
As comandadas do técnico José Roberto Guimarães acenaram o tempo inteiro e mostraram muita animação ao som da música "Tchu Tcha", da dupla João Lucas e Marcelo, que virou sucesso após Neymar lembrar o hit em suas comemorações.
Porém, a maior parte da trilha sonora do trio elétrico entrou na onda da novela Avenida Brasil e no ritmo do kuduro, que embala a novela de João Emanuel Carneiro.
Durante a disputa da Olimpíada, as meninas do vôlei sofreram por não poder acompanhar o duelo entre Carminha e Nina na trama global. A ponteira Jaqueline revelou que elas se reuniam para acompanhar as reprises pela internet e que chegaram até a improvisar um telão para não ficarem desatualizadas.
Nesta segunda, o trânsito do centro de São Paulo ficou complicado com a presença das campeãs 'noveleiras'. A apresentadora do trio elétrico e os torcedores exaltaram o "país do vôlei", após as conquistas da modalidade na Olimpíada e o fracasso do futebol.
Na Avenida Paulista, o público tomou a faixa sentido Rebouças para saudar o time brasileiro. O desfile da seleção brasileira contou com escolta policial que acompanha o grupo desde a saída de Guarulhos, onde a seleção desembarcou e concedeu entrevista coletiva antes do encontro com os torcedores.
Depois de três horas de carreata, as meninas chegaram ao Palácio dos Bandeirantes, onde foram tietadas pelos funcionários e vão encontrar o governador Geraldo Alckmin.

Vitória sobre o Brasil foi fundamental para o ouro olímpico

Representantes da seleção brasileira feminina de vôlei elegeram a vitória sobre a Rússia, nas quartas de final das Olimpíadas de Londres, como o resultado mais importante da equipe na caminhada rumo à medalha de ouro. De acordo com Adenizia, a participação da torcida foi fundamental naquele triunfo.
“Me senti no Maracanã porque eram muitos brasileiros e estava todo mundo torcendo para a gente. A torcida teve um papel importante porque eles começaram a gritar quando a gente estava perdendo e a gente conseguiu virar, foi essencial”, afirmou a jogadora, em entrevista ao SporTV.

Tandara também destacou a vitória sobre a Rússia e disse que, a partir daquele momento, a equipe ganhou confiança para levar a medalha de ouro.
“A partir do momento em que nós nos juntamos e cada uma falou para si que a gente conseguiria, não deu mais para segurar. A gente já entrou com uma confiança muito boa e a gente já sabia que dali viria uma vitória”, declarou.

Principais potências olímpicas decepcionam defensores da menor participação do Estado no esporte.

Encerrados os Jogos Olímpicos de Londres, o quadro de medalhas de 2012 mostra uma vitória imponente dos Estados Unidos. São 104 pódios, com 46 ouros, superando com folga a China (88 pódios e 38 ouros), resultado que devolve aos EUA a supremacia olímpica que vinha sendo conquistada desde 1996, quando as ex-repúblicas soviéticas deixaram de competir em conjunto, e foi interrompida em Pequim-2008 – quando a China superou os americanos em ouros (51 a 36), mas não no total de medalhas.
Não faltam analistas para dizer que os americanos são o exemplo a ser seguido para o esporte olímpico brasileiro, mas a realidade é um pouco mais complexa. Para isso, precisamos compreender como funciona o esporte de alto rendimento nos EUA e em outras potências.
Os defensores do Estado mínimo adorariam acreditar que a hegemonia norte-americana possa ser entendida como o triunfo de um sistema sem Ministério do Esporte e no qual há pouquíssimo dinheiro do governo federal envolvido, mas as coisas não são bem assim.
Em primeiro lugar, é preciso considerar que os bons resultados esportivos só surgem acompanhados de investimentos bem feitos. No caso do esporte olímpico, a eficiência não é exclusividade do dinheiro privado. Diversas potências olímpicas contam com grandes investimentos estatais.
Os casos mais óbvios são os da China e da Rússia, mas não é preciso recorrer aos exemplos extremos do país comunista e da principal herdeira da União Soviética para ver dinheiro público aplicado no esporte. O governo da Coreia do Sul, quinta colocada em Londres (28 medalhas, 13 de ouro), investe pesado no setor.
As grandes apostas são três imensos centros de treinamento no qual atletas com mais de 15 anos podem se dedicar em tempo integral ao esporte. Na Alemanha (44 medalhas, 11 de ouro), o esporte de alto nível recebe dinheiro do governo federal, de loterias federais e das Forças Armadas.
Na Itália (28 medalhas, 8 de ouro), o Comitê Olímpico recebeu, apenas para o orçamento de 2012, mais de 400 milhões de euros.
Na Austrália (35 medalhas, 7 de ouro), os três níveis de governo gastam cerca de 2 bilhões de dólares por ano com esporte, a maior parte construindo e mantendo instalações esportivas públicas, mas também financiando atletas de elite.
Em segundo lugar, cabe ponderar a pequena participação do governo federal dos Estados Unidos no esporte. Isso ocorre porque a Constituição norte-americana é muito clara ao deixar a educação sob a tutela dos governos estaduais.
Assim, são os estados (e em menor medida os governos municipais) os responsáveis por construir e manter equipamentos esportivos e, principalmente, subsidiar escolas e universidades públicas.
Boa parte desses subsídios é usada para pagar salários de treinadores de alto nível, reduzir as mensalidades e conceder bolsas de estudos para atletas, estratégias usadas para atrair jovens esportistas.
Essas instituições públicas, em conjunto com algumas instituições independentes (geralmente ligadas a fundações religiosas) e privadas, são a principal fonte de talentos para o esporte profissional norte-americano.
Dos sete campeões olímpicos dos EUA em provas individuais no atletismo em Londres, cinco estudaram em universidades públicas, um em universidade privada e outro em uma instituição independente.
A grande importância do dinheiro público no esporte norte-americano não significa que os investimentos privados são irrelevantes. Tanto pessoas físicas como empresas contribuem muito para o país ser a maior potência olímpica. O esporte e a competição esportiva são conceitos arraigados na sociedade americana.
Doadores privados são os responsáveis por sustentar, por exemplo, o Centro Aquático do Norte de Baltimore, onde começou a nadar aos dez anos Michael Phelps, o maior medalhista olímpico de todos os tempos. Mais de 30 empresas são as responsáveis por patrocinar, e sustentar integralmente, o Comitê Olímpico dos EUA.
O que esses exemplos dizem ao Brasil?
O foco do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) hoje em dia são os atletas de elite, aqueles com potencial para subir ao pódio nos Jogos. O COB, e os governos municipais, estaduais e federal, se preocupam muito pouco em estabelecer políticas públicas para popularizar e democratizar a prática esportiva, gerando benefícios para a sociedade e ampliando a base de futuros medalhistas.
O COB pensa a curto prazo. No domingo 12, o superintendente da entidade, Marcus Vinícius Freire, afirmou que um exemplo a ser seguido pelo Brasil é o do Cazaquistão.
O governo cazaque investiu, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, 20 milhões de dólares no levantamento de peso, no ciclismo e no boxe para tornar o país referência nessas modalidades. Conseguiu 13 medalhas nos Jogos, nove nesses três esportes, sendo seis de ouro. Chegou ao 12º lugar no quadro de medalhas com um investimento rápido, porém sem reflexos positivos para a sociedade.
O Brasil, sede dos Jogos de 2016, tem uma série de bons exemplos para seguir. Pode copiar dos europeus e sul-coreanos a forma correta de tratar os atletas de elite; dos australianos, pode aprender como combinar o investimento no alto rendimento e no esporte como política pública; dos norte-americanos, como atrair a iniciativa privada para o negócio e como engajar a sociedade no incentivo aos jovens atletas.
Enquanto o Estado brasileiro, em todos os níveis, continuar negligenciando a educação e, com ela, o esporte, e o COB mantiver seu foco apenas na conquista de medalhas, continuarão abastecendo as críticas daqueles que desejam afastar o Estado de tudo, incluindo do esporte, uma atividade capaz de reduzir a criminalidade, melhorar a saúde da população, unir a sociedade e formar pessoas.
José Antônio Lima, CartaCapital

13 de ago. de 2012

Londres2012-Russia ganha o ouro de virada no volei masculino

O sonho do tricampeonato olímpico do vôlei masculino foi adiado para o Rio de Janeiro, daqui a quatro anos. Pela segunda vez consecutiva, o Brasil foi à final dos Jogos e acabou derrotado. Desta vez, a equipe de Bernardinho chegou a ter dois match points no terceiro set, sofreu um "apagão" e perdeu de virada para a Rússia por 3 sets a 2 (19-25, 20-25, 29-27, 25-22 e 15-9).
Escadinha chora, se despede da seleção e pede carinho à camisa ao próximo líbero Brasileiros elogiam mudança tática na Rússia, mas admitem: 'perdemos o ouro' A derrota impede que o Brasil conquiste a hegemonia total do esporte em Londres um dia depois do ouro do time feminino. Além disso, impede que a gloriosa geração da era Bernardinho se despeça com um ouro. Desde 2001, quando o técnico assumiu, a seleção ganhou oito Ligas Mundiais, três Mundiais e a Olimpíada de 2004, em Atenas, mas agora amarga sua segunda prata olímpica.
E o título esteve muito perto. O Brasil repetiu o que havia feito na primeira fase e atropelou os russos nos dois primeiros sets. No terceiro, teve duas chances de fechar, mas um "apagão" na hora errada comprometeu o jogo. A Rússia acordou com uma grande mudança do técnico Alekno, que colocou o central Muserskiy para jogar de oposto, venceu o terceiro e o quarto sets e liquidou a partida no tie-break.
Apesar da frustração pela maneira como o jogo se desenhou, a prata é muito mais do que se esperava da equipe antes do início das Olimpíadas. O Brasil que viajou a Londres desacreditado, encontrou seu melhor jogo durante a competição, mostrou muita força ao longo da campanha e encarou de frente seu rival na final. A Rússia, campeã da Copa do Mundo e da Liga Mundial do ano passado, estava longe de ser um rival qualquer.
No início, porém, parecia que o Brasil atropelaria como fez contra Argentina e Itália, nas quartas e na semi, respectivamente. O saque forte e Murilo foram as grandes armas do time no primeiro set contra a Rússia. Além de fazer dois aces, a seleção quebrou o passe rival diversas vezes e atrapalhou a vida do oposto Mikhaylov, grande arma dos europeus, que acertou só três de nove ataques na parcial.
Do outro lado, Murilo sobrava. Ele foi acionado por Bruninho oito vezes, colocou sete bolas e ainda fez um ponto de bloqueio. Com uma vantagem confortável de cinco pontos desde o início do set, o Brasil não teve trabalho para sair na frente com um 25 a 19.
A Rússia voltou melhor no segundo set, distribuindo melhor as bolas e crescendo no saque, mas nada que realmente assustasse o Brasil. A seleção até caiu um pouco na defesa e no aproveitamento defensivo, mas esteve à frente no placar desde o começo, quando abriu 11 a 6.
A reação dos europeus se limitou a reduzir a diferença para um ponto no 16 a 15. Só que Wallace fez o time rodar, Dante foi bem no saque e logo o Brasil fez 19 a 15. A vitória no segundo set foi indolor para a torcida, que já gritava com tom de “campeão” quando a seleção fechou por 25 a 20.
O terceiro set deu uma cara totalmente diferente ao jogo, que finalmente se assemelhou a uma final. O Brasil saiu ganhando por 14 a 11, mas não tardou a levar um susto. Murilo e companhia viram o levantador rival fintar o bloqueio e encaixar três bolas em sequência. O jogo empatou em 15 a 15 quando, em um ponto decisivo, Murilo encarou o paredão russo, colocou a bola no chão e evitou que os europeus passassem à frente.
Foi uma solução momentânea. O Brasil logo fez 18 a 15 e viu a torcida, empolgada, pedir a presença do capitão Giba, que assistia a tudo do banco. Bernardinho, impassível, ignorou. A Rússia, indiferente à festa, seguiu pressionando e empatou em 22 a 22, tornando os pontos finais tensos. Foi Wallace, no 23º ponto, quem colocou o Brasil de novo à frente.

12 de ago. de 2012

Conversa, defesa e uma nova levantadora; confira por que o vôlei feminino foi campeão

A conquista do bicampeonato olímpico pela seleção feminina de vôlei teve um roteiro de cinema, com um início dramático e uma reviravolta com final feliz. Para que o ouro viesse, no entanto, a equipe de Jaqueline e companhia teve de fazer algumas mudanças durante a competição que fariam a diferença no fim.A conquista do bicampeonato olímpico pela seleção feminina de vôlei teve um roteiro de cinema, com um início dramático e uma reviravolta com final feliz. Para que o ouro viesse, no entanto, a equipe de Jaqueline e companhia teve de fazer algumas mudanças durante a competição que fariam a diferença no fim.
O caminho para o ouro passou por longas conversas para selar o fim da crise, esbarrou na entrada de uma nova levantadora e teve na reação da defesa seu ponto crucial.
Confira abaixo os cinco razões que levaram o Brasil a conquistar o bi olímpico no vôlei:
1 - CONVERSA PELA CRISE
O desacreditado Brasil começou muito mal as Olimpíadas. Suou contra a Turquia, perdeu dos Estados Unidos e foi atropelado contra a Coreia do Sul. Ameaçadas, as jogadoras tiveram de resolver os problemas lavando roupa suja. O problema detectado foi a falta de confiança mútua dentro de quadra e o excesso de cobrança pessoal. Ajudou nessa conta a irritação com o excesso de críticas que vinham do Brasil, que motivaram as jogadoras a uma reação histórica que culminou com o bicampeonato.
2 - DANI LINS
Ela não foi a melhor jogadora do Brasil, mas ajudou muito a fazer com que as estrelas do time crescessem. Dani Lins, que por pouco não perdeu as Olimpíadas por opção do técnico, começou no banco de Fernandinha e assumiu a titularidade contra a China. Ela foi beneficiada pela subida do time, mas também teve papel importante na distribuição mais regular do jogo, que favoreceu Sheilla e Thaisa, as duas principais armas da equipe. Na semifinal contra o Japão e principalmente na decisão contra os EUA, conseguiu abrir espaços fundamentais para a conquista. 3 - FIM DAS FREGUESIAS
O caminho do ouro para o Brasil teve dois rivais muito tradicionais: Rússia e Estados Unidos. Mais do que a dificuldade em quadra, a seleção teve de superar antigos fantasmas contra os dois times, em jogos que deram uma prova da força mental da seleção bicampeã. Contra a Rússia, elas exorcizaram o fantasma da semi de Atenas, em 2004, vencendo por 3 a 2 após terem salvo seis match points. Diante dos EUA, na decisão, saíram de um primeiro set horrível para uma virada história que findou uma série de cinco derrotas consecutivas.
4 -REAÇÃO DA DEFESA
O principal problema do Brasil na primeira fase, segundo o próprio técnico José Roberto Guimarães, foi a relação bloqueio e defesa. Com o fim da crise, a partir do jogo da China, tudo mudou. Os dois fundamentos foram essenciais nas vitórias contra Rússia e Estados Unidos, as mais difíceis do torneio. Não por acaso, foi exatamente a recepção o único quesito em que o time verde-amarelo foi superior a todos os rivais no torneio olímpico. 5- FIM DOS APAGÕES
Além da defesa, incomodava o técnico José Roberto Guimarães os lapsos de sua equipe, que deixava sets e até vitórias simples escaparem por momentos de desatenção. Contra a Rússia, nas quartas, o time mostrou uma frieza quase inédita até então, segurando a partida mesmo nos momentos mais adversos. Contra os EUA, na final, uma das principais virtudes foi justamente manter o aproveitamento no ataque para poder rodar quando as rivais ameaçavam entrar em uma sequência de saques
O caminho para o ouro passou por longas conversas para selar o fim da crise, esbarrou na entrada de uma nova levantadora e teve na reação da defesa seu ponto crucial.
Confira abaixo os cinco razões que levaram o Brasil a conquistar o bi olímpico no vôlei:
1 - CONVERSA PELA CRISE
O desacreditado Brasil começou muito mal as Olimpíadas. Suou contra a Turquia, perdeu dos Estados Unidos e foi atropelado contra a Coreia do Sul. Ameaçadas, as jogadoras tiveram de resolver os problemas lavando roupa suja. O problema detectado foi a falta de confiança mútua dentro de quadra e o excesso de cobrança pessoal. Ajudou nessa conta a irritação com o excesso de críticas que vinham do Brasil, que motivaram as jogadoras a uma reação histórica que culminou com o bicampeonato.
2 - DANI LINS
Ela não foi a melhor jogadora do Brasil, mas ajudou muito a fazer com que as estrelas do time crescessem. Dani Lins, que por pouco não perdeu as Olimpíadas por opção do técnico, começou no banco de Fernandinha e assumiu a titularidade contra a China. Ela foi beneficiada pela subida do time, mas também teve papel importante na distribuição mais regular do jogo, que favoreceu Sheilla e Thaisa, as duas principais armas da equipe. Na semifinal contra o Japão e principalmente na decisão contra os EUA, conseguiu abrir espaços fundamentais para a conquista.
3 - FIM DAS FREGUESIAS
O caminho do ouro para o Brasil teve dois rivais muito tradicionais: Rússia e Estados Unidos. Mais do que a dificuldade em quadra, a seleção teve de superar antigos fantasmas contra os dois times, em jogos que deram uma prova da força mental da seleção bicampeã. Contra a Rússia, elas exorcizaram o fantasma da semi de Atenas, em 2004, vencendo por 3 a 2 após terem salvo seis match points. Diante dos EUA, na decisão, saíram de um primeiro set horrível para uma virada história que findou uma série de cinco derrotas consecutivas.
4 -REAÇÃO DA DEFESA
O principal problema do Brasil na primeira fase, segundo o próprio técnico José Roberto Guimarães, foi a relação bloqueio e defesa. Com o fim da crise, a partir do jogo da China, tudo mudou. Os dois fundamentos foram essenciais nas vitórias contra Rússia e Estados Unidos, as mais difíceis do torneio. Não por acaso, foi exatamente a recepção o único quesito em que o time verde-amarelo foi superior a todos os rivais no torneio olímpico.
5- FIM DOS APAGÕES
Além da defesa, incomodava o técnico José Roberto Guimarães os lapsos de sua equipe, que deixava sets e até vitórias simples escaparem por momentos de desatenção. Contra a Rússia, nas quartas, o time mostrou uma frieza quase inédita até então, segurando a partida mesmo nos momentos mais adversos. Contra os EUA, na final, uma das principais virtudes foi justamente manter o aproveitamento no ataque para poder rodar quando as rivais ameaçavam entrar em uma sequência de saques
Gustavo Franceschini Do UOL, em Londres (Inglaterra)

11 de ago. de 2012

Dilma chega a ligar para Zé Roberto mas a ligação caiu

O técnico tricampeão olímpico estava tão feliz que até contou “causos”, em meio a explicações táticas da vitória sobre as norte-americanas Denise Mirás, do R7, em Londres
Caiu a linha do celular e o técnico José Roberto Guimarães não conseguiu falar com a presidente Dilma, que ligou para dar os parabéns ao técnico pela conquista da seleção feminina de vôlei. Zé Roberto ainda estava “afogado” por jornalistas na zona mista, na saída da quadra, muito feliz, falando do jogo que armou muito bem taticamente, da lição de superação que as garotas deram, revertendo os piores momentos da campanha, e até contando “causos”.
— Vocês querem que eu fale de superstição? Bom, o que aconteceu foi que em Barcelona [quando conquistou o ouro com a seleção masculina, em 1992] ao entrar na Vila Olímpica eu vi um corcunda. E queria me aproximar dele para “pegar” um pouco de sorte. Aqui, aconteceu a mesma coisa! Ainda no credenciamento, eu vi um e saí atrás, para fazer a mesma coisa que tinha dado certo. Alguém do COB me deu um pin, que ofereci a ele dando um tapinha amigo...
Teia tática nelas
Verdade é que Zé Roberto – agora tricampeão olímpico - armou uma teia tática para o treinador adversário, o neozelandês Hugh McCoutcheon (campeão olímpico com a seleção masculina dos Estados Unidos em Pequim 2008), que não conseguiu fazer suas jogadoras escaparem dela.
O treinador brasileiro acabou com o esquema das norte-americanas, que têm sua maior arma em Destinée Hooker, que salta muito e escapa dos bloqueios, em um time com arsenal completo de defesa, bloqueio - e consistência. Além de uma postura de campeãs antecipadas.
Os segredos de Zé Roberto para derrotar as rivais: pressionar com agressividade e... ter paciência.
— A partir do segundo set, o Brasil foi os Estados Unidos... Com saque agressivo e tático, pressionamos, conseguimos começar a tocar no bloqueio e, como resultado, passaram a sair os contra-ataques. Assim superamos o bloqueio e a defesa delas
.
Trabalho de formiga e perseverança
Zé Roberto armou a vitória que deu a segunda medalha de ouro olímpica para sua seleção com dados coletados de muito tempo (desde que foi campeão olímpico em 2008, o Brasil não tinha voltado a vencer os Estados Unidos).
— Fomos construindo [a vitória] taticamente, todos estes anos, com observações sobre elas, a cada jogo que perdíamos anotando
.
Para Zé Roberto, foi a medalha da perseverança, depois de um segundo pior momento em sua carreira de técnico – o primeiro diante da Rússia em Atenas 2004, e aqui em Londres, depois da derrota para a Coreia do Sul, quando as brasileiras correram o risco de não se classificar para a fase seguinte, dependendo das adversárias.
— Eu não sabia nem o que falar. Mas saímos juntos, todos nos ajudando, comissão e elas, do fundo do poço
.

Londres 2012-Brasil conquista o Bi Campeonato Olímpico no Volei feminino

LONDRES, 11 Ago (Reuters) - A seleção brasileira conseguiu uma virada incrível na partida contra os Estados Unidos e também no torneio para conquistar neste sábado o bicampeonato olímpico do vôlei feminino em Londres.
Depois de um primeiro set perfeito dos EUA, o time comandado pelo agora tricampeão olímpico José Roberto Guimarães se acalmou e fechou o jogo em 3 sets a 1, parciais de 11-25, 25-17, 25-20 e 25-17.
"A gente não viu a cor da bola no primeiro set, e precisava ser mais agressivo e pressionar em alguns fundamentos. Depois que nosso saque entrou, dificultou a recepção, nosso bloqueio e recepção se ajustaram, e a aí a gente começou a entrar no jogo", disse o treinador brasileiro após a partida.
O confronto em Londres foi uma reedição dos Jogos de Pequim há quatro anos, quando o Brasil também foi campeão ao vencer as norte-americanas por 3 a 1.
Ao som de "o campeão voltou", as brasileiras tiveram uma atuação impecável a partir do segundo set e comemoraram com muitas lágrimas, abraços e até cambalhotas na quadra.
Após uma campanha ruim na primeira fase, com duas derrotas em cinco jogos, a seleção brasileira dependeu de uma vitória justamente dos EUA sobre a Turquia na última rodada para se classificar com a última vaga para as quartas de final.
Na primeira partida eliminatória dos Jogos, o Brasil enfim jogou bem e salvou seis match points para eliminar a Rússia no tie-break de um jogo dramático que devolveu a confiança ao time, que na partida da semifinal atropelou o Japão.
"A gente criou uma história muito bonita. Se a gente pedisse para o Woody Allen fazer um filme com um final desse, acho que nem ele conseguiria, com toda a categoria dele", declarou a líbero Fabi.
JAQUELINE, A "ABENÇOADA"
No entanto, contra as norte-americanas, que já haviam derrotado a equipe brasileira na primeira fase, o Brasil começou nervoso. Os EUA iniciaram melhor, abrindo 6-1, e se mantiveram na frente após sucessivos erros do Brasil, o que motivou Zé Roberto a pedir calma à equipe quando o placar apontava 13-5.
As principais atacantes do Brasil, principalmente Scheilla e Fernanda Garay, tiveram muitas dificuldades de colocar a bola no chão. Paula Pequeno entrou em quadra e também falhou, sendo substituída após dois ataques errados. Os EUA, então, fecharam a primeira parcial com extrema facilidade.
No segundo set, as brasileiras fizeram 3-0, e, embora as norte-americanas tenham chegado ao empate em 12-12, abriram boa vantagem na sequência com o apoio das centrais e de Jaqueline, empatando o jogo.
O Brasil seguiu bem no terceiro set, novamente com Jaqueline bem no ataque -- ela fez 18 pontos e foi a maior pontuadora da partida --, enquanto nos EUA a destaque Hooker, que jogou pelo Osasco a última Superliga, não apresentava a mesma eficiência do set inicial.
"Eu nunca fui protagonista, nunca fui de atacar muitas bolas, mas hoje todo mundo olhava para mim na quadra e falava que eu estava abençoada, confiava no meu ataque. Esse grupo foi muito forte em todos os momentos", disse Jaqueline, chorando.
Sem titubear no quarto set, a equipe brasileira fechou o jogo, e José Roberto Guimarães tornou-se o primeiro brasileiro tricampeão - além dos títulos de 2008 e 2012 com as mulheres, ele foi campeão com a seleção masculina de vôlei em 1992.
(Por Tatiana Ramil, em São Paulo)