14 de set. de 2014

Brasil dá um chega pra lá no gigante russo "Muserskiy O Bundão"








Se ganhar é bom, bater o maior rival é melhor ainda. Foi isso que a seleção brasileira masculina de vôlei vivenciou neste domingo ao vencer a arquirrival Rússia, em Katowice, na Polônia, por 3 sets a 1, parciais de 25-19, 24-26, 25-21 e 25-19. De quebra, o resultado garantiu o time brasileiro com o primeiro colocado do Grupo F e pôs fim à invencibilidade russa no Mundial.

O triunfo no maior clássico do vôlei mundial empolgou a Spodek Arena, que vibrou com os brasileiros o tempo todo em função da rivalidade com os russos.

Até agora, somente a equipe verde e amarela venceu todos os nove compromissos no torneio e tem a melhor campanha. Antes, havia batido Canadá, Bulgária, China, Cuba, Coreia do Sul, Finlândia, Tunísia e Alemanha. Terminou com 21 pontos, contra 17 da Rússia.

O Brasil agora aguarda sorteio que deve acontecer por volta das 20h (horário de Brasília) para saber quais times farão parte de seu grupo em um dos triangulares finais do torneio. O único fato concreto é que não cruzará com o primeiro do Grupo E. Já os segundo e terceiro colocados que vão para os triangulares serão definidos via sorteio.

Existe até a chance de um novo confronto com os russos caso eles sejam os segundos colocados sorteados para o grupo brasileiro. A terceira vaga do Grupo F para a fase final será decidia na partida entre Alemanha e Canadá.

No Grupo E, a França já está classificada, mas sem posição definida. As outras duas vagas são disputadas por Polônia, Estados Unidos e Irã.

Fases do jogo:
Se em muitos jogos anteriores o Brasil começou sonolento, parece ter guardado as energias para o duelo contra os russos. Concentrados e com um incrível poder de saque, os brasileiros nem pareciam estar jogando contra seu maior rival. Quando os serviços forçados entravam, era muito difícil perder o ponto. Ou ace ou o bloqueio parava os rivais. Foram sete aces só no primeiro set. Já a Rússia não conseguia encaixar seus saques. O Brasil era rápido e envolvente e chegou a abrir 18 a 10.

O time europeu, aos poucos, começou a encaixar o saque e tirou quatro pontos de diferença. Mas depois de um pedido de tempo, esfriaram e mesmo acertando os saques não conseguiram mais tirar a diferença.  

No segundo, o Brasil começou bem novamente, mas a parcial foi equilibrada durante o tempo todo. Os saques forçados russos, que já começaram a entrar no fim do primeiro set, continuaram efetivos. A recepção brasileira passou a ter dificuldades para trabalhar as jogadas, e o ataque teve que forçar muitas bolas, resultando em erros.  O Brasil liderou até 21 a 19, quando o gigante Muserskiy, de 2,17 m, acertou uma boa sequência de saques e veio a virada o time vermelho.

A Rússia pareceu sentir a dificuldade de jogar sem um oposto de origem com a saída de Morov, lesionado, no fim do segundo set. Pareceu sentir o golpe, e o Brasil cresceu no jogo novamente. Só sofria perigo nos saques de Muserskiy, mas ainda assim a defesa trabalhava bem as pancadas e o ataque virava bolas, sobretudo as de meio, com Lucão. Leandro Vissotto entrou bem ao substituir Wallace. Passeio verde e amarelo na terceira parcial.

No terceiro, Bernardinho colocou alguns jogadores do banco, como Lipe e Éder nas vagas de Murilo e Sidão, e o ritmo não caiu. Os êrussos já pareciam combalidos psicologicamente e não ofereceram resistência. Foi só questão de tempo para fechar a partida. 

O melhor: Bruninho. A rapidez para os levantamentos pareciam confundir os russos, muitas das vezes fora da jogada e deixando o caminho livre para o ataque. O capitão brasileiro também deu diversos aces em bolas com efeito.

O pior: Ilinykh. O ponteiro foi muito mal e só virou uma bola no primeiro set. Acabou sacado e só voltou para jogar na função de posto em função da lesão de Moroz. Atuação apagada.

Toque dos técnicos:

O forte ritmo imposto pelo Brasil logo no começo deve ter surpreendido até Bernardinho pela facilidade. Difícil imaginar o comandante brasileiro menos agitado nos gestos do que o habitual justo em um duelo contra o arquirrival. Depois de ver o time abrir oito pontos, brecou e pediu seu primeiro tempo quando essa diferença chegou a somente quatro, no 19 a 15. A parada parece ter brecado os russos, que não conseguiram mais tirar a diferença. Mesmo nos melhores momentos da equipe rival, manteve o equilíbrio.

Já o técnico russo, Andrey Voronkov, se mexia de um lado para o outro e parecia não saber o que fazer. Por várias vezes falou com os membros de comissão técnica, gritou com os jogadores.  Seu maior problema foi quando perdeu Moroz. Ficou sem oposto, já que o outro que tinha Pablov, está machucado e não foi relacionado. Sem jogadores de ofício na posição, fez quase que um revezamento entre o gigante Muserskiy e Ilinykh.

Para lembrar:

Dois jogadores deixaram a partida lesionados, um de cada lado. Pelo Brasil, Wallace saiu mancando ainda no segundo set, aparentemente com uma pancada no tornozelo. Já a Rússia perdeu o oposto Moroz, que saiu de maca depois de uma queda no final do mesmo set que o Brasil perdeu Wallace.

Brasil e Rússia ainda podem se enfrentar até mais duas vezes dentro do Mundial. Basta serem sorteados para o mesmo triangular final e depois disso se encontrarem em uma eventual semifinal ou até decisão.

A rivalidade entre russos e poloneses fez o Brasil ter seu primeiro jogo com apoio quase que maciço das arquibancadas da Spodek Arena. Foi o recorde de público do ginásio no torneio, com 10.300 pessoas.

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